Crendices e superstições

As origens das crendices e superstições são tão antigas quanto a própria humanidade. No Brasil, chegaram com os portugueses, mesclaram-se às crenças dos indígenas e posteriormente a dos africanos escravos. E com o decorrer do tempo foram incorporadas à cultura brasileira juntamente com as crenças de outros imigrantes que aqui aportaram.

Crendices extraídas do livro Folclore: similaridade nos países do Mercosul

Crendices gerais

  • Comer frutas com grãos no Ano Novo (uva, romã, etc) para ter sorte e fortuna durante o ano todo que está começando
  • Ferradura atrás da porta afasta o mau olhado
  • Sal no fogo afasta visitas
  • Varrer os rastros de uma pessoa afasta-a para sempre
  • Derramar açúcar traz sorte
  • Quando o grilo canta dentro de casa é sinal que se receberá dinheiro

Crendices e superstições ligadas a namoro, noivado e casamento

  • A jovem que pega o buquê da noiva será a próxima a casar
  • Varrer os pés de moça solteira, não casa naquela ano
  • Moça que abre sombrinha dentro de casa fica "para titia"
  • Quando a fumaça do cigarro forma um círculo é por que a pessoa amada está pensando na outra

Ligadas à gravidez, ao nascimento ou recém-nascido

  • Não deve pular cerca, senão a criança nascerá aleijada
  • Quando a grávida tem desejo e não é atendida, a criança nasce de boca aberta ou fica "babão", e quem não atende fica com terçol
  • Criança que ri dormindo está sonhando com os anjinhos
  • Para passar soluço do nenê, deve-se colocar na testa do mesmo um fiapo de lã, de preferência vermelho; colar com a saliva da mãe

Superstições gerais

  • Xícara virada com a boca para baixo atrasa a vida
  • Chinelo ou sapato virado provoca a morte da mãe
  • Enrolar as meias enrola a vida
  • Espelho quebrado dá sete anos seguidos de azar
  • Varrer a casa à noite atrai desgraças
  • Apontar para as estrelas faz nascer verrugas nos dedos da mão

A Lua

A grande maioria de nossas crendices herdamos de Portugal, onde o povo - apesar de religioso - acredita em muitas coisas que a lógica ou a racionalidade não explicam. No meio rural é crença generalizada que a lua tem influência direta em toda a atividade humana, especialmente na lavoura, na pecuária, no clima, nas chuvas e até mesmo na vida do homem. Para quem lida com plantações, as fases da lua devem ser cuidadosamente observadas. Exemplos:

Legumes de cabeça (repolho, alface e outros) devem ser transplantados na minguante e as folhosas (couve, radiche, espinafre, etc) na nova.

Quem cria aves deve cuidar para que o nascimento dos pingos não ocorra na minguante. Se forem colocados no "choco" na minguante, os ovos "goram" e perde-se a ninhada. A influência da lua e das tempestades é neutralizada por um prego enferrujado ou pedaços de carvão colocados no ninho.

Para o cabelo crescer rapidamente deve ser cortado na nova, crêem alguns, outros acreditam que na nascente. É consenso que quem tem muito cabelo e não quer que cresça logo, deve corta na minguante.

Não se deve deixar as fraldas do recém-nascido no varal à luz do luar, pois este terá cólicas. Se isto acontecer, a mãe com o filho nos braços o mostra para a lua e reza esta oração "Lua, luar, me deste este filho e me ajuda a criar".

Nota do Cohen: Este livro é uma excelente fonte de folclore. Além de outras várias crendices associadas com chuva, pássaros, etc, ainda possui seções sobre lendas, mitos, linguagem popular, morte na visão popular.

Crendices extraídas do livro Folclore do Rio Grande do Sul

Indumentária e superstições

O folclore agro-pastoril que define o comportamento do gaúcho ainda está cercado de novas áreas de análise, como o folclore da indumentária. Pala, chiripá, ponche, ceroula de crivos, bota-garrão-de-potro, lenço pendurado nos cabelos ou enrolados no pescoço, chapéu de aba larga, bota-gaitinha, botas de cano mole, bombachas, guaiaca (cinto campeiro), camisas de uma só cor, esporas, chapéu, faixa na cintura, o poncho-pala, o colete, etc. A indumentária das mulheres: vestido de chita floreado e lenço de seda no pescoço, etc. A pintora gaúcha Isolda Brans que viveu muitos anos em Roma, deu início a uma série de pranchas das mais apreciadas sobre a indumentária.

Um aspecto da vida rural fornecido por um europeu é realmente novidade. Não esqueceu de falar até na festa do Divino Espírito Santo e na bandeira do Divino. Cuidar do mate cevado e todo o ciclo da erva-mate; não lhe escapou a presença do negro, não só no patuá, amuleto africano. Carlos Jansen, no "O patuá", 1879.

Mas o alude a negro nagô, indo diretamente a uma definição única. Citou a caça da perdiz, aliás, ele, Jansen, tratou de outras caças. Descreveu as atafonas e incursionou na economia agrícola dentro da vida rural predominantemente pastoril. "Curar bicheira", com o emprego de "rosário de garras" é uma das superstições mencionadas por Jansen ao se referir à doença do gado. O "rosário" se compunha de pedaços de arreios velhos e imprestáveis em pontas de couro enfiadas. Era mesmo um amuleto, uma simpatia. Como o patuá que possuía virtudes salvadoras e defensivas do mau olhado e realizava milagres para quem o louvasse e levasse preso ao corpo por corrente ou fita ou barbante. Ou qualquer outra maneira. O gaúcho quanto ao folclore das superstições não escapa ao contexto popular da quantidade de sua presença na vida do cotidiano. "Ahó-ahó", superstição missioneira, e velha monstruosa, capaz de devorar índios. Fantasmas da cultura indígena são os "angüeras", fantasmas meio brincalhões.

A cura da asma se procedia com a matança de um destes palmípedes, que é o biguá. Abriam a ave a ponta de faca e ainda vivo aplicavam contra o peito do paciente, como conta Augusto Meyer, no seu "Guia", "Boi-tatá", o "caa-porá" (fantasma do mato, uma espécie de protetora da caça) e boitatá é fogo fátuo que anda pelos campos cercado de mistérios de medo. Tr~es penas de uma pequena coruja chamada "caburé" é o suficiente para trazer sorte no amor, nos negócios, na fortuna, na guerra e em tudo. O carbúnculo, animal fabuloso, propiciador de riquezas, é superstição que se formou no tempo da conquista e mais tarde entrou a circular na tradição missioneira, identificado como "teiuiaguá" guarani.

A cura da bicheira era recomendada aos viajantes que usassem na montaria um pelego de guará. Mas pelo de guará é uma superstição rural da medicina folclórica. Guizo de cascavel usado num patuá suspenso ao pescoço era considerado remédio infalível contra erisipela. As mulheres usavam-no na liga da meia.

Veneno de cobra - a mordida de cobra é curada de benzedura, a matança da cobra de imediato que mordeu a vítima e comer-lhe o fígado cru. na Na região missioneira, manteve-se algum tempo o "Velório da Cruz": a antiga prática funerária que consistia de um ano após ser enterrado o morto; iam até o cemitério, retiravam a cruz de seu túmulo e a levavam para uma sala, velando-a como se fosse o morto, em companhia de choradeiras, fadinhas e rezadores profissionais e um novo baile, custeado pelo padrinho do noivo. Em Viamão ainda se mantém este culto. E noutros municípios.

Nota do Cohen: Esta obra se espalha desde o registro das etnias do Rio Grande, passando por detalhes do gaúcho e seu cavalo, igrejas e orixás, o tradicionalismo, lendas e campo e lavoura. 350 folhas de pura pesquisa.

Crendices extraídas do livro Medicina campeira e povoeira

Crendices e superstições

No capítulo referente à medicina mágica e supersticiosa relacionamos uma série de abusões, crendices e superstições, bem como os remédios usados pelo povo para a cura de determinados males, ou obtenção de graças por intermédio de orações e simpatias, principalmente quando se trata de moléstias de fundo psíquico.

A seguir trataremos de tabus, de não-presta, ou faz-mal, relacionados com a vida e a morte, com doenças, com a menstruação, gravidez e parto, e com uma série de outros estados a que sói ser levado o homem.

O verbete tabu aqui empregado tem o sentido de restrição, de proibição e principalmente de proteção contra algo que possa causar um mal, objetiva ou subjetivamente.

Sobre a morte

  • Não se deve costurar roupa no corpo de uma pessoa, por que essa pessoa pode morrer muito breve, "só se costura no corpo mortalha de defunto". Se for necessário, proceder a costura dizendo "eu te coso vivo e não morto".
  • Dormir com os pés virados para a porta da rua é agouro de morte.
  • Doente que muda de cabeceira na cama está às portas da morte.
  • Dormir sobre a mesa chama a morte.
  • Treze pessoas sentadas à mesa ocasionará a morte de uma delas, geralmente da última que chegou.
  • Cachorro que uiva à noite, coruja que pia em cima da casa, ou borboleta preta (bruxa) entrando na residência é sinal que a morte anda rondando alguém da família.
  • Para que um defunto não inche, deve-se colocar uima chave na sua mão.

Sobre doenças

  • Urinar contra o vento dá gonorréia.
  • A urina do sapo cega.
  • Mijar em cima de tijolo quente é bom para urina presa (anúria).
  • Uma ferradura afixada numa porta evita que a doença entre na casa.
  • encharcar um pedaço de pão com a saliva de cirnaça acometida de coqueluche e dando-o para um cão comer, a doença transfere-se para o animal.

Sobre mau-olhado, azar, olho-grande

  • Matar um grilo traz azar.
  • Matar um urubu atrasa a vida.
  • Um colar feito com sete cabeças de alho previne contra o mau-olhado.
  • É mau agouro colocar tições em forma de cruz no fogo.

Outros assuntos

  • Para obter um sono leve basta colocar sob o travesseiro um esporão de quero-quero.
  • Menino que brinca com fogo, mija na cama.
  • Urinar na água é o mesmo que mijar na cara da madrinha.
  • Botar sal no fogo é atraso na vida.
  • Cobra não morde mulher menstruada por que, se o fizer, morrerá.
  • Mulher grávida não deve portar uma chave no seio, pois se assim proceder, a criança pode nascer com lábio leporino.
  • Se a gestante apresentar a barriga arredondada, nascerá uma mulher; se mostrar-se pontuda, virá um homem.
  • Pendurando-se uma aliança em fio de cabelo da gestante, se o seu movimento for para a frente e para trás, virá um menino; se for lateral, nascerá uma menina.

Nota do Cohen: Um dos maiores pesquisadores do RS, o comandante Hélio Mariante foi fundo e registrou a medicina campeira, o uso de várias práticas para a cura (calor, esterco, fumo, fitoterapia, açoterapia e vários outros). Além disso, anotou termos associados a doenças (barriga d'água, caroço, chiaço, cobreiro, pasmo, sangue grosso). Extemamente recomendável (e encontrável somente em sebos e bibliotecas) para pesquisas afins.

Crendices extraídas do livro Na voz do povo - ensaios de folclore

O que não se deve fazer

  • Colocar duas vassouras juntas num canto da casa - porque faz com que haja briga na família
  • Guardar espelho quebrado - por que dá azar, dá peso, atrai desgraças
  • Passar por baixo de escada - pelos mesmos motivos acima
  • Casar em agosto - porque é o mês do desgosto. O casamento não será feliz
  • Duas pessoas lavarem as mãos ao mesmo tempo - porque prejudica uma delas
  • Por sal no fogo - afugenta as visitas
  • Matar sapo - traz chuva
  • Dar e tornar a tomar - porque fica corcunda ou fica aleijado
  • Comer na panela - se é moça solteira, choverá no dia do casamento. se é rapaz solteiro, idem. Se já forem casados, estão provocando a miséria
  • Comer com chapéu na cabeça - porque o diabo se ajunta à mesa
  • Comer peixe e carne misturados - além de falta de respeito, faz mal
  • Deixar chinelo emborcado dentro do quarto
  • Apontar ou contar estrelas - por que cria verrugas
  • Sair montando em cavalo de pelo branco em dia de tempestade - por que o pelo branco do cavaloa atrai os raios
  • Ter pica-pau em casa - porque é ave agourenta

O que se deve fazer

  • Usar ou colocar debaixo da cama uma vara de cipó - para afugentar cobras de dentro de casa e não permitir que entrem no quarto
  • Matar imediatamente a galinha que cantar como galo - para evitar desordens em casa
  • Para ter sorte e evitar mau olhado - deve-se usar um galhinho de arruda atrás da orelha
  • Ao passar por um gato preto pela frente da pessoa, esta deverá dar três pancadas ou com o pé no chão, ou com a mão esquerda numa parede, para conjurar o azar

Nota do Cohen: Spalding foi um dos maiores historiadores do Rio Grande e também conhecedor do folclore. Ilustra neste livro várias e várias superstições, além de alguns aspectos de festividades locais e origens latinas de frases populares.

Crendices extraídas do livro Assuntos do Rio Grande do Sul

Conquanto o povo sul-rio-grandense em regra, não haja sido em tempo algum supersticioso, salvo exceções, entre os camponeses e os habitantes, dos bosques da Serra Geral, ou entre o elemento pastos das campinas e o elemento agricultor da dita Serra, não se deixavam de notar certas crendices: o nosso gaúcho alimentava as crenças de que os objetos perdidos apareciam, acendendo-se velas ao "Crioulo do pastorejo", e na perseguição pelo "Boitatá", e mais, que o meio de livrar-se dele, nas viagens à noite, consistia em desatar o laço dos tentos, deixando somente preso à cincha dos arreios, pela presilha, e de arrasto no terreno; dessa maneira essa cobra de fogo, assim denominado, isto é, o "Boitatá", atraído pelo ferro, prendia-se à argola do laço e assim ia arrastando por todo o trajeto, deixando de incomodá-lo; acreditava também, e é até hoje entre os camponeses certas simpatias para curar o gado de diversas espécies quando enfermo, com bicheiras ou outras enfermidades. Os povos agricultores já referidos acreditavam na existência do "Saci-Pererê", espécie de ser fantástico, tendo a figura de um negrito, o qual era encontrado à noite pelos caçadores ou andantes, sempre aos saltos ligeiros, nos matos e nas picadas, e que não era raro saltar na garupa do viajante a cavalo, ou fazer garatujas na frente do animal, interrompendo o trânsito ao ginete.

Finalmente, as lendas como estas crendices, só seria dado desenvolvre suficiente, em uma obra especial e não no curto espaço de que ora dispomos.

Nota do Cohen: Com sua primeira edição em 1912, comandante Cezimbra registrou naquela época inúmeros detalhes da vida em nossos pagos, o que colaborou com o esforço dos atuais historiadores. Autor de dois livros sobre o estado, "Assuntos do RS" e "Costumes do RS", sendo este primeiro disponível na Martins Livreiro.

Crendices extraídas do livro Guia do folclore gaúcho

Aroeira - O cerne da aroeira (Lithraea Brasiliensis Mart.) é um dos "paus" mais estimados pelos gaúchos, como esteios ou moirões de grande durabilidade. Mas a árvore é temida por seus eflúvios, que em certas pessoas provocam grandes irritações de pele. Para precaver-se do mal, deve o campeiro, antes de atacar o tronco a machado, saudar por três vezes com profundo respeito o vegetal a um tempo temido e estimado. Também no tratamento da erupção que provoca, é uso saudar um ramo de aroeira, observando, todavia, o seguinte ritual: se é de manhã, dizer "Boa tarde, dona aroeira!" e, de tarde: "Bom dia, dona aroeira!".

Caveira de boi - A caveira de boi usada pelos nossos campeiros como espantalho de pássaros em suas lavouras sugeriu a Apolinário Porto Alegre uma pesquisa interessante: interpretou-a o mestre da Casa Branca, em seu Popularium, como antiga superstição sobrevivente, ligada aos casos de mau-olhado ou quebanto. Como na Índia e na África os crânios de animais e cifres pendentes de árvores ou colocados no alto de postes, em meio das plantações, serviria a nossa caveira de boi para desviar o mau-olhado, que faz a lavoura desmedrar. "E tanto deve ser assim, que entre os nossos vizinhos a crença no mau-olhado com relação às plantas é vivaz e profunda", comentava Apolinário.

Esconjuro - Para limpar as lavouras da praga das lagartas, há o seguinte esconjuro que Alfred Funke registrou na Costa da Serra:

Bons dias, lagartas
A planta que comeis
E a Deus não louvais,
Amaldiçoadas sejais!
Por São Pedro e São Paulo
E a todos os santos
Da corte do céu:
Deixai esta planta
Que é meu alimento,
E as folhas do mato virgem
Serão vosso sustento.

A imprecação deverá ser lançada numa sexta-feira, antes do raiar do sol, de três cantos da roça, ficando livre o outro ângulo para a saída imediata dos bichos daninhos.

Fogo morto - A superstição do "fogo morto" até princípios deste século achava-se muito difundida entre carreteiros, tropeiros, maiorais de diligência e viajantes, que evitavam sempre, à hora do pouso ou da sesteada, fazer fogo sobre os vestígios de um fogão, isto é, sobre as cinzas ou tições apagados de uma fogueira feita anteriormente, no mesmo lugar de pouso. Quem aproveitava um fogo morto fatalmente era corrido pelas maiores desgraças. Callage recolheu da boca de um campeiro um desses casos, apresentado em versão literária (v. No fogão do gaúcho, Globo, 1929, p. II sgs).

Tesouros - A tradição de tesouros enterrados, ou escondidos concentrou-se quase toda na região missioneira. As salamancas, os cerros bravos, a casa de Mbororé são mitos da mesma família. Mas especialmente em São Miguel é que se manteve por mais tempo essa crendice. Todos os visitantes das famosas ruínas referem-se às escavações na área da igreja, do cemitério e das imediações da quinta. Os mais esmaniados acampavam no povo, para uma prospecção

Nota do Cohen: Pequeno dicionário / guia do folclore, utiliza-se da idéia de verbetes para explicá-los com detalhes sobre cada item. Contém ilustrações e a maioria das cousas gaúchas.

Fontes:

Livro "Folclore: similaridade nos países do Mercosul". Paula Simon Ribeiro - Martins Livreiro - 2002.
Livro "Crendices extraídas do livro Folclore do Rio Grande do Sul". Dante de Laytano - Nova Dimensão - 1987.
Livro "Medicina campeira e povoeira". Hélio Moro Mariante - Martins Livreiro - 1984.
Livro "Na voz do povo - ensaios de folclore". Walter Spalding - Martins Livreiro - 1979.
Livro "Assuntos do Rio Grande do Sul". João Cezimbra Jacques - Martins Livreiro - 1997.
Livro "Guia do folclore gaúcho". Augusto Meyer - Ediouro - 1975.